As respostas de João Borrego

Começamos por te pedir que nos contes todo o teu percurso desportivo?
Desde cedo nasceu o meu amor pelo futebol. Desde de pequeno andava sempre com uma bola atrás. A carreira como federado começou aos 8 anos no clube da terra ao que sucedeu uma paragem de 3 anos até jogar novamente federado no Tolosa. Seguiram-se Alpalhão (infantis e 1º ano de iniciado), Desportivo de Portalegre (Iniciados e no fim da época chamado aos juvenis), novamente Alpalhão e Nisa (juvenis e juniores). Nestes anos ocorreram alguns convites para jogar a um nível mais alto (nomeadamente do Nacional da Madeira) mas infelizmente não se concretizou. Seguiu-se a passagem para os séniores onde integrei a equipa do Alpalhoense durante 7 anos, e apesar de quase todos os anos ter tido convites (alguns para ganhar um dinheirito nunca aceitei pois sempre fui muito bem tratado naquele clube e nunca foi por dinheiro que joguei futebol). Em 2009 tive um convite para ir treinar ao Lagoa da 2ªB, mas devido a compromissos profissionais acabei por declinar, pois também não era certo que ficasse no plantel. Devido a alguns atritos com o treinador e também por muita culpa minha a última época no Alpalhoense não correu como desejado e aceitei ir para o Nisa Futsal Clube onde passei os meus últimos 2 anos. A primeira época não correu de feição com algumas lesões pelo meio e adaptação ao jogo. Esta segunda época já correu melhor fazendo bons jogos e marcando golos, isto apesar da época não correr da melhor forma para a equipa pois tínhamos expectativas de mais e melhor. Na próxima época não sei se continuarei a jogar futsal ou se irá ocorrer um retorno ao futebol de 11, pois apesar de sermos amadores gosto muito de treinar e de levar as coisas mais a sério, algo que este ano não ocorreu, e daí alguns resultados menos positivos. Para falar da minha curta carreira de treinador tenho de começar por referir que comecei a treinar em Nisa o Andebol (com o Luís Andrade) e o Gira-vólei, onde conheci alguns dos jogadores que agora integram a equipa juvenil do Nisa Futsal Clube e desenvolvi o meu amor por trabalhar com jovens, e que este ano pediram para eu ser o treinador, algo que tive de aceitar e que me deixou muito orgulhoso. E foi uma grande experiência ter treinado estes jovens.


A época passada fizeste parte da equipa técnica sénior do Nisa FC. Esta época assumiste a de juvenis... de que forma essa experiência foi uma mais valia?
Todas as experiências são boas para nós, pois conseguimos sempre aprender coisas novas a cada treino e a cada jogo que passa. Sem dúvida que as experiências foram uma mais valia, devido à aprendizagem que tive sobre o jogo e sobre o treino (neste caso aplicação e aprendizagem de novos conhecimentos). Só tenho pena de não haver mais treinos semanais e assim haver uma melhor preparação das equipas para a competição, pois com dois treinos semanais torna-se complicado trabalhar tudo numa única semana fazendo com que os microciclos de treino terem de ser maiores e dificultar um pouco as coisas. Mas sem dúvida que foi uma experiência enriquecedora e que me acho um pouco melhor treinador e com um pouco mais experiência o que é muito bom para inicio de carreira. Foi sem dúvida alguma, muito bom ter sido treinador de futsal esta época.


Tens curso de Treinador de futsal? A experiência acumulada faz-te sonhar em um dia ser treinador dedicado à modalidade?
Ainda não tirei o curso de treinador de futsal ou de futebol de 11. Na nossa zona existem poucas possibilidades e isso dificulta e muito a nossa vida. Falo do futebol mas também posso dizer que noutras modalidades é igual, nomeadamente o andebol, onde temos de ir para fora para fazermos esses cursos, mas como não vivemos disto torna-se muito difícil conseguirmos fazer esses cursos. Isto talvez seja das coisas que as Federações têm de trabalhar mais e melhor. É muito importante que na nossa zona surgam essas possibilidades, pois é necessário começar a surgir novos treinadores neste distrito de forma a conseguirmos evoluir o nosso distrito. Sem dúvida nenhuma que gostaria de poder vir a ser um treinador dedicado ou ao futsal ou ao futebol de 11 ou mesmo ao andebol (algo que tenho gostado muito) mas sei que é uma tarefa muito difícil, pois existem muitas pessoas com esse sonho e com muito talento por esse Portugal fora e com as dificuldades que passamos muitos clubes vão deixar de existir e assim menos possibilidades iremos ter para se conseguirmos fazer carreira como treinador. Mas não podemos baixar os braços e lutar e trabalhar para atingir esses objetivos.

Como defines a modalidade?
A modalidade de futsal para mim é das que mais emoção tem, tanto ao participar como a assistir. A incerteza no resultado até ao final, a possibilidade de o jogo mudar de vencedor em poucos minutos, a maneira como se vive o jogo tanto da parte dos jogadores com dos adeptos, são alguns dos segredos para o sucesso e aumento de popularidade desta modalidade e que a meu ver irá continuar a aumentar tanto em número de adeptos como de praticantes. São estas coisas que acho fascinante nesta modalidade e que foram um atrativo para mim, para além do gosto enorme que tenho em praticá-la.
Como atualizas os teus conhecimento?
Atualizo os meus conhecimentos lendo na internet ou livros, vendo jogos, jogando, e falando com as pessoas ligadas à modalidade. Sem dúvida que este é um dos aspetos mais importantes para o nosso crescer como treinadores, pois quase diariamente surgem novas ideias sobre as várias componentes que constituem o treino e o jogo. Uma pessoa que me ajudou muito foi o treinador Carlos Ventura (treinador dos seniores) com o qual aprendi muito como jogador e tentei transmitir esses conhecimentos aos meus jogadores. Posso dizer que copiei algumas coisas e acho que não é vergonha nenhuma afirmar isso, quando achamos que é o melhor temos de dar o “braço a torcer” e aplicá-las.


Qual o sistema tático preferencial?
Este ano o sistema tático usado foi o 3x1, com grande movimentação por parte dos alas e do pivô (mais livre de movimentação) e em que o nosso fixo mantinha sempre a posição excepto nalgumas jogadas, sistema que também já vinha a ser usado por esta equipa nas épocas anteriores. Este sistema permitiu-nos sempre ter a nossa defesa mais resguardada (normalmente 2 jogadores), o que se tornou fundamental para sermos uma das melhores defesas do campeonato, e resistir a alguns contra-ataques das equipas adversárias. Não estou a dizer que é o meu sistema favorito mas acho que é aquele que é mais fácil de ensinar e de aprender por parte dos jovens e ao mesmo tempo de fácil execução, além de terem de aprender a fazer diagonais e paralelas durante todo este processo (algo que é muito importante na modalidade). O que é certo é que tivemos bons resultados, mas claro que não teve só a ver com o sistema tático, mas sim com outros fatores, como as estratégias ofensivas e defensivas (muita gente confunde com sistema tático), cantos, lançamentos laterais, marcação de faltas, posicionamentos, jogadas, entre outros e claro os jogadores.

Quantas vezes treinam por semana?
Treina-mos somente 2 vezes por semana (1h e 30 minutos) o que como já referi é muito pouco e acho que com 3 a 4 treinos semanais, talvez tivéssemos ido à final do campeonato. Tenho o exemplo do Andebol em que treinamos 3 vezes por semana com miúdos dos 6 aos 12 anos e o que é certo é que neste momento somos das melhores equipas de todo o Alentejo, só superada pela equipa de Évora que é uma equipa de cidade e tem muito mais recursos, praticantes e historial.


Os guarda-redes fazem treino especifico?
Sim os guarda-redes faziam treino especifico com o meu adjunto Carlos Felício. Já lá vai o tempo em que os guarda-redes apenas serviam para treinar os remates e para a mítica peladinha. Cada vez é mais importante trabalhar todas as características individualmente, e os treinos específicos de guarda-redes são muito importantes para o desenvolvimento dos mesmos.

Como defines a competição e as equipas deste escalão?
A competição está muito bem organizada e decorreu sempre sem nenhum problema. Das equipas que participaram no campeonato gostaria de destacar a equipa de Alcaria, uma equipa muito bem organizada e com bons valores individuais. A nossa equipa a par da equipa do Retaxo eram as duas equipas que podiam fazer frente à equipa do Alcaria, infelizmente não foi a nossa que foi a final. As restantes equipas eram mais fracas que as restantes, mas como sabemos qualquer equipa em sua casa causa sempre muitos problemas e foi o que nos aconteceu e que nos criou algumas dificuldades para atingirmos os 4 primeiros.


O facto de competirem num distrito diferente daquele onde estão filiados…faz com que as deslocações sejam desgastantes?
Sem dúvida que é um fator de desgaste muito grande uma vez que cada vez que jogávamos fora os jogos realizavam-se de manhã o que fazia com que nos levantássemos muito cedo e ainda fazer algumas viagens longas. Fizemos 3 deslocações de mais ou menos 100 km e ter de levantar logo às 7 da manha, comer aquelas horas, chegarem aos jogos com fome mas não poder comer, fez com que se calhar alguns jogos corressem menos bem. Cada vez que jogávamos fora almoçávamos em Castelo Branco, em que cada jogador pagava a sua refeição.


O que houve de positivo e quais as maiores dificuldades encontradas esta  época?
De positivo tenho a destacar o desenvolvimento dos jogadores (no meu ver aprenderam muito, tanto os jogadores de campo como os guarda redes), o relacionamento com eles e sem dúvida o terceiro lugar alcançado. As dificuldades encontradas foram sobretudo relacionadas com o treino em que só fazíamos 2 treinos semanais, e também com alguns maus hábitos que certos jogadores tinham na véspera dos jogos, mas felizmente foram ultrapassados.


Este equipa na próxima época, em que escalão vai participar?
Se para o ano houver equipa, acho que irá participar no escalão de juniores.


Um comentário aos jogos entre o Nisa FC e ADR Retaxo, da meia-final para apuramento de Campeão.
Nos jogos da meia-final contra o Retaxo, penso que o jogo que o primeiro jogo em casa acabou por influênciar a eliminatória. No primeiro jogo até chegarmos à igualdade a 1 estivemos sempre por cima do jogo, a partir daí ouve um desmoronar enorme na equipa o que levou a ficar um resultado tão dilatado ao fim do jogo. Devido a este resultado jogámos um pouco com medo no segundo jogo e apesar de chegarmos empatados a 0 ao intervalo não conseguimos surpreender na segunda parte. Mas parabéns ao Retaxo que mostrou ser melhor nos dois jogos.


Para a modalidade ter em definitivo o seu espaço próprio, o que falta para se afirmar?
O que faz mais falta para ganhar ainda mais espaço no mundo do desporto é haver clubes que apostem nos escalões mais jovens e não digo a partir dos 12 ou 13 anos, mas sim desde os 6 ou 7 e só assim conseguiremos cativar mais pessoas para o futsal, e dai chegarem a séniores e quererem jogar futsal e não futebol de 11. Por exemplo quase todos ou todos mesmo, os jogadores que jogam no distrital de futsal de Portalegre fizeram formação no futebol de 11.


O que entendes ser necessário para haver mais escalões de formação e competição em futsal, no distrito de Portalegre?
Tal com respondi na pergunta anterior faltam clubes que apostem no futsal, mas também sabemos que a falta de verbas faz muita diferença.


(Fábio Vaz) A equipa poderá vir a ser uma grande referência no escalão sénior do Futsal Distrital de Portalegre daqui a uns anos. Gostava de saber se concordas comigo, e já agora de saber a tua opinião!?
Sem dúvida que poderá vir a ser um referência a nível distrital no escalão sénior do futsal, isto se continuarem a apostar neles, se eles não perderem o gosto pela modalidade, se quiserem fazer os sacrifícios necessários, trabalhar muito, querer aprender. Gostaria, e até acredito que 2 ou 3 podem chegar mais longe do que o distrital.

Para finalizar, gostaria de agradecer em meu nome e do Carlos Felício a todos os adeptos de futsal em especial os de Nisa que acreditaram em nós e também aos que não acreditaram. Gostaria de pedir à equipa que continue junta e que trabalhe muito para chegar aos seus objetivos. Por fim gostaria de pedir aos dirigentes que não deixem acabar uma modalidade que tem vindo a crescer e que tanto tem feito pelo nosso distrito.

1 comentário:

pixeis disse...

O Blog Pixeis de Desporto agradece a disponibilidade do João para a realização deste artigo, bem como o seu contributo para com o blog ao longo de toda a época.